Estudos realizados por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA) apontam sérios problemas de ordem econômica, social e ambiental em 16 ilhas de Belém, localizadas no sistema hídrico Guamá - Baía do Guajará. A falta de água potável, saneamento básico, transporte, educação, alimentação e geração de renda estão entre os principais entraves ao desenvolvimento local e à qualidade de vida. “As comunidades das Ilhas Sul têm a sua renda ligada à extração dos recursos naturais, principalmente o açaí e o pescado. Por conta disso, na época do defeso do peixe e da entressafra do açaí, os ribeirinhos ficam sem alternativa de renda, fato que aumenta a criminalidade nas ilhas, a prostituição infantil e o tráfico de drogas na região”, revela o geólogo e professor da UFPA, Milton Matta.Esse diagnóstico geossocioambiental do complexo das Ilhas Sul de Belém deu origem ao projeto de consultoria técnica na área social que será apresentado no 4º Fórum das Ilhas, marcado para o dia 6 de maio, no Palácio dos Bares, em Belém.
O projeto está sob a coordenação do professor Milton Matta, do Laboratório de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (Lahima) do Instituto de Geociências (IG/UFPA). A proposta é apresentar um levantamento detalhado das atividades que precisam ser desenvolvidas nas áreas das Ilhas Sul de Belém, no sentido de resolver os diversos problemas de cunho social, econômico, educacional, financeiro, ambiental e de saúde. Mas, de acordo com o pesquisador Milton Matta, o maior entrave, no momento, é a falta de apoio para a execução do projeto, orçado em R$ 76 mil.
Projeto
O trabalho será executado por uma equipe de dez pesquisadores e 20 alunos das áreas de Geologia, Engenharia, Oceanografia, Medicina, Nutrição e Pedagogia. As atividades vão envolver pesquisa de campo e estudo geológico e hidrogeológico com a equipe técnica das áreas das Geociências. As equipes de Medicina, Biologia e Engenharia Sanitária também farão as pesquisas de campo em cada uma das ilhas para a elaboração do perfil epidemiológico da população e dos projetos de abastecimento de água, de saneamento básico e a criação de peixe em cativeiro como alternativa de renda para a população local.
As equipes também vão trabalhar na elaboração dos projetos de transporte, de assistência médico-hospitalar e de educação escolar, seguidos da montagem do Programa de Educação Ambiental e Educação em Saúde. Outra linha de trabalho será a de analisar o perfil socioeconômico e cultural das 16 ilhas para a elaboração de roteiros ecoturísticos, como forma de gerar renda para a população e desenvolvimento para a região.
Ao final de todas essas etapas, os pesquisadores vão elaborar o projeto técnico-financeiro final para ser apresentado à comunidade envolvida a fim de buscar financiamentos.
Ilhas
Belém é formada por 39 ilhas, 16 delas formam o complexo da Ilha Sul do rio Guamá, que são: Ilha das Onças, Ilha Sacaia, Ilha Arapixi, Ilha Maçarico, Ilha dos Patos, Ilha do Mata Fome, Ilha Arapari, Ilha Jussara, Ilha dos Papagaios, Ilha do Maracujá, Ilha do Combu, Ilha Tanquãzinho, Santa Maria, Ilha Murutucã, Ilha Grande e Ilhinha.
Elas formam o sistema Rio Guamá - Baía do Guajará, que recebe 23% do esgoto da cidade de Belém. O problema levou o governo do Estado a criar, em 2010, o Conselho de Segurança das Ilhas Sul, formado por 17 pessoas, representantes das Ilhas Sul. Neste mesmo ano, a UFPA foi convidada a participar das discussões nos Fóruns das Ilhas, coordenados pelo Padre Jonas. (Ascom UFPA)
(Fonte: DOL)
Barco leva educação a crianças ribeirinhas

O primeiro supermercado flutuante do país está promovendo ações de educação ambiental para a população de 18 municípios ribeirinhos da região do Baixo Amazonas e Santarém. O barco chamado “Nestlé Até Você a Bordo”, reúne a Tetra Pak e a Nestlé, com o apoio da ong Noolhar. Além de oferecer orientações sobre coleta seletiva e reciclagem aos consumidores que visitarem o barco, educadores também ministram palestras e oficinas de educação ambiental nas escolas das cidades visitadas.
A primeira parada foi no município Boa Vista, interior do Pará. Na escola municipal Magalhães Barata, o arte educador Emerson de Souza, da Ong Noolhar, conseguiu identificar diversas crianças engajadas nas causas ambientais. “O município tem grande desejo por um projeto de educação ambiental. Moradores chegam a praticar a coleta seletiva, mas por não saberem como destinar o material recolhido, acabam destruindo ou não recolhendo muito coisa”, relata. Os alunos receberam kits com instruções de como reciclar papel e embalagem de Tetra Pak. “Deixamos o município trazendo na mala às expectativas da população para um projeto de educação ambiental que contemple a cidade”, enfatizou Emerson.
O projeto “nas Ondas da Reciclagem” teve início em novembro de 2010 com a instalação de um PEV - Ponto de Entrega Voluntária - no barco. A iniciativa colabora com a preservação do meio ambiente e ainda contribui com a inclusão social já que o material arrecadado é entregue para cooperativas da cidade de Belém, criando oportunidade de geração de renda para famílias da região.
A segunda cidade a ser visitada foi Breves, no sábado dia 30. Os educadores ambientais receberam a população no barco atracado no cais da cidade. Entre os visitantes, as irmãs Adriele de Souza, 10 anos e Ana Caroline, de 4 anos, duas ribeirinhas que relataram as difíceis necessidades em que passam. Com outros 11 irmãos, as pequenas perderam recentemente uma irmã de apenas 2 anos, vítima de malária. O pai sustenta toda a família com a pesca, enquanto a mãe cuida da casa. “Foi tocante, mas por um momento vi a felicidade no rosto das meninas enquanto elas se divertiam aprendendo sobre o meio ambiente”, disse Emerson. (Noolhar)